Por Camila Farnezi*
Um ano promissor vem se desenhando para nós, da Amyris. Estamos extremamente felizes em estarmos entre os indicados para a premiação da Advanced Bioeconomy Leadership Conference (ABLC) e Biofuels Digest, uma das principais redes globais de difusão e reconhecimento em biotecnologia. Temos quatro projetos na lista “50 Hottest Projects in the Advanced Bioeconomy” elaborada por eles. Dois desses finalistas estão baseados no Brasil e foram indicados por colegas externos, o que nos dá uma alegria bastante especial.
Com operação no país desde 2009,a Amyris tem utilizado a cana-de-açúcar para criar mais de 50 mil moléculas diferentes, com ampla variedade de aplicações. No prêmio da ABLC e Biofuels Digest, concorrem a produção de esqualano sustentável (Amyris Brotas 2) e a produção de adoçante Amyris Purecane Reb M. Há outros dois concorrentes produzidos em nossa planta em Emeryville, na Califórnia, o esqualano sustentável para a produção de vacinas e o hemisqualano da linha JVN Hair, de produtos para o cabelo.
Como chegamos até aqui é uma longa história, impulsionada pela ousadia e extrema atenção às transformações do mercado e das tendências de consumo. Para contá-la, vamos voltar lá atrás, para 1970, quando foram criados os biocombustíveis. Na definição do Departamento de Energia dos Estados Unidos, biocombustível é qualquer tipo de massa vegetal convertida em combustível para necessidades de transporte. Realmente era apenas isso quando suas primeiras versões foram desenvolvidas, mas de lá para cá essa palavra foi originando todo um vocabulário de inovações biológicas.
Para falar do que mudou, vamos começar falando sobre o que se manteve quase igual. Quando os primeiros biocombustíveis foram criados, estávamos em meio a conflitos envolvendo países árabes membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Meio século depois, aqui estamos nós, novamente buscando alternativas aos combustíveis derivados do petróleo frente ao risco de desabastecimento global decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia. Também não foi muito diferente do que vivemos no início dos anos 2000, na Guerra do Iraque, exceto pelo fato de que os conflitos das últimas décadas acrescentaram a preocupação climática com mais força e urgência. Então, o que mudou? Basicamente, o lugar onde temos procurado (e encontrado) boa parte das respostas, a biotecnologia.
Foi exatamente em 2000 que as coisas começaram a ganhar outro sentido, ano da decodificação do genoma humano, uma descoberta revolucionária. A Amyris surgiu três anos depois disso, em um contexto em que a engenharia genética ganhava espaço e importância. Com ela, os biocombustíveis apresentaram novas potências e possibilidades, a partir da aplicação das modificações genéticas e da combinação entre micro-organismos e matérias-primas vegetais para gerar energia alternativa. Foi aos biocombustíveis que a empresa dedicou-se em sua fase inicial. Mas a dificuldade em criar opções capazes de ganhar escala a preços competitivos levou a uma reprogramação de rota.
Aos poucos, os biocombustíveis foram sendo convertidos em outros produtos, e a Amyris voltou-se aos itens de consumo, especialmente cosméticos e linhas de cuidados pessoais criados a partir da biotecnologia. Em 2015, lançamos nossa primeira marca, a Biossance, dedicada a um skincare sustentável, e cujo portfólio é baseado na substituição do esqualeno extraído dos tubarões por uma alternativa vegetal, o esqualano.
No ano que vem, completaremos vinte anos de atuação comprovando que é sempre possível inovar criando negócios rentáveis e em harmonia com a natureza e muita convicção de que um futuro sustentável passa pela ciência e pela tecnologia.
Conheça nossa história: https://amyris.com
*Camila Farnezi faz parte do Conselho do MuCA. Ela é diretora da Biossance na América Latina e responsável pelo lançamento e gestão da marca californiana de skincare pioneira em Clean Beauty através da biotecnologia – cosméticos de origem natural e sustentável, produzidos a partir de moléculas bio idênticas derivadas da fermentação natural da cana-de-açúcar. Antes de ingressar, em 2017, na Amyris Inc. – empresa de biotech americana detentora da Biossance –, sua trajetória por diferentes universos e seu perfil multidisciplinar a incentivaram a utilizar skills de criatividade e pensamento analítico como fonte de transformação por meio da conscientização.