O desenvolvimento sustentável ancorado na beleza e na Amazônia

Por Camila Farnezi*

A indústria da beleza tornou-se um player fundamental não apenas para a retomada econômica, mas para fomentar o desenvolvimento sustentável. As empresas têm percebido a estreita relação entre as matérias primas utilizadas e a preservação ambiental, e que se torna ainda mais importante frente ao potencial de crescimento do segmento.

A Amyris, empresa americana de biotech detentora da marca Biossance, tem por princípio investir em tecnologia para criar alternativas que garantam uma convivência mais harmônica com a natureza. Por meio da bioengenharia, concebemos uma série de ingredientes limpos para compor nosso portfólio de produtos. Entre os destaques, estão os hidratantes à base de esqualano, derivado de cana-de-açúcar e que substitui o esqualeno, tradicionalmente extraído do fígado de tubarões.

A excelente performance desse tipo de produto combinada aos excelentes resultados de vendas nos mostram que é possível fazer ainda mais, sobretudo quando assistimos ao agravamento da crise climática. É evidente que podemos e devemos aliar conservação ambiental e prosperidade econômica. E não há lugar melhor no planeta para testar a capacidade dessa indústria de proteger nossos recursos naturais do que a floresta Amazônica.

Foi essa visão que me levou a assumir a mentoria do Museu de Ciências da Amazônia, o MuCA, apoiado pela Biossance. Trata-se de uma iniciativa voltada à pesquisa e à preservação da biodiversidade nativas a partir de um complexo que reunirá museu e espaços de pesquisa e educação, além de uma ala voltada à valorização do ecoturismo e da gastronomia regional, equipada com hotel e restaurante. O MuCA nasce na antiga vila americana onde Henry Ford tentou criar uma fábrica em 1930, no município de Belterra, no Pará, com projeto de revitalização do Studio Arthur Casas.

Nosso papel como indústria é compreender quais insumos amazônicos podem ser utilizados na criação de produtos e assim demonstrar que a floresta em pé tem muito mais valor do que as áreas ilegalmente exploradas, tanto em termos de mercado quanto de possibilidades de solucionar questões relacionadas ao bem-estar e à saúde humanas. É um trabalho articulado junto às comunidades locais para gerar benefícios sociais igualmente importantes, alimentando um amplo ciclo virtuoso do qual fazem parte consumidores que buscam cada vez mais escolhas conscientes e alternativas mais sustentáveis. Cuidar e valorizar o que temos de mais precioso, esse incomparável patrimônio natural e social, é o primeiro passo para posicionarmos o Brasil em um novo patamar de conhecimento e desenvolvimento sustentável.



*Camila Farnezi faz parte do Conselho do MuCA. Ela é diretora da Biossance na América Latina e responsável pelo lançamento e gestão da marca californiana de skincare pioneira em Clean Beauty através da biotecnologia – cosméticos de origem natural e sustentável, produzidos a partir de moléculas bio idênticas derivadas da fermentação natural da cana-de-açúcar. Antes de ingressar, em 2017, na Amyris Inc. – empresa de biotech americana detentora da Biossance –, sua trajetória por diferentes universos e seu perfil multidisciplinar a incentivaram a utilizar skills de criatividade e pensamento analítico como fonte de transformação por meio da conscientização.