MuCA: uma potência no coração da Amazônia

Por Arthur Casas*

Meu trabalho tem me oferecido a possibilidade de deixar de lado a ideia idílica que muitos têm sobre a Amazônia para conhecer de perto a realidade e os potenciais desse lugar incrível, por meio da implantação de um projeto em Belterra, no Pará. 

Há alguns anos, participo da concepção do MuCA, o Museu de Ciência da Amazônia, que tem por objetivo incentivar a pesquisa e a preservação da biodiversidade da região. Ele se situa na antiga vila americana onde Henry Ford tentou criar uma segunda fábrica em solo brasileiro ainda nos anos 1930. As instalações passarão por uma ampla reforma e ganharão novos usos, compondo uma localidade que tem tudo para se tornar um destino de referência global e de valorização da natureza brasileira. Além do museu, haverá áreas dedicadas à educação e à pesquisa científica, um hotel, espaços de convivência e um centro gastronômico, onde será possível experimentar e aprender sobre a cultura tapajônica.

A cada visita que faço a Belterra aumenta o senso de urgência de contribuir para que mais pessoas compreendam a dimensão desse tesouro que são os atributos naturais amazônicos. Acredito verdadeiramente que a chave para o desenvolvimento do país passa por esse solo, não apenas por meio do incentivo à pesquisa, à educação e ao próprio ecoturismo, mas também pela consolidação de negócios sustentáveis.

O MuCA se coloca também como uma ferramenta para viabilizar a concepção de produtos capazes de utilizar espécies nativas como matérias-primas e colocar o Brasil em um outro patamar de inovação e cuidados com a biodiversidade. Participar dessa transformação me faz crer ser possível darmos uma nova chance às nossas perspectivas de futuro.

* Arthur Casas faz parte do Conselho do MuCA. Sócio-fundador do Studio Arthur Casas, o arquiteto já concluiu mais de 600 projetos em diversas tipologias, incluindo arquitetura residencial e comercial, projetos de urbanismo, concursos públicos e design de produto e de mobiliário. Seus trabalhos, no Brasil e no exterior, são frequentemente premiados e publicados por mídias internacionais relevantes. Arthur já participou de duas Bienais de Arquitetura em São Paulo e da Bienal de Buenos Aires, e foi convidado para falar sobre suas produções no Chile, Argentina, México, EUA e Espanha. Ele tem três livros publicados sobre suas obras e trajetória.